sexta-feira, 7 de maio de 2010


Repensando meus valores

Arquivo pessoal
Ao lado do cão Banzai após operação de busca e salvamento em Porto Príncipe
Após 15 anos de experiência profissional militar como servidor público no meu estado (Pernambuco), como Defensor da Justiça e do Direito por vocação e intelecto, posso afirmar categoricamente que NÃO existe e nem existirá cursos militares ou civis, treinamentos duros ou especiais que preparem o homem para uma experiência como a que vivo, e por isso, fui obrigado a encarar os meus conceitos sobre tudo que achava que tinha valor, sobre tudo que acreditava ser o ideal, sobre a minha vida em si, sobre o que tem importância e é essencial para sermos felizes.

Antes eu não sabia o real significado daquele ditado popular: “O que os olhos não vêem, o coração não sente”. Vim, vi, mas em nada me sinto vitorioso. A sensação de impotência ainda percorre em minhas veias e tudo que posso fazer, já estou fazendo dentro do que me é permitido...



Aos meus amigos que se foram com essa tragédia aqui no Haiti (especialmente o General Emílio, o Cel Cysneiros, O Ten Cel Adolfo, o Ten Cel Guimarães e o Ten PMDF Cleiton Neiva) operadores da paz, profissionais ímpares, pais, filhos, esposos, cidadãos, humanos, gostaria de dedicar minha energia remanescente, minha sanidade afetada, porém ainda firme, meu labor contínuo e diário, minha convicção que suas vidas não foram em vão e meu respeito e agradecimento pela sua estada ainda que breve, pois tive a honra de tê-los ao meu lado.

A vocês, meus caros, invoco a justiça divina e rogo que de alguma forma, em essência, nos guardem e nos protejam dos males que se projetam e nos atordoam a cada dia.

Muito obrigado por tudo e nos perdoem por sermos falhos e limitados, pois um dia ainda nos encontraremos, seja lá onde for e gostaria de ser recebido de braços abertos pelos reais heróis dessa história chamada Haiti...

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