quarta-feira, 13 de janeiro de 2010


Mãe Luiza volta a ser palco da violência

Situação de violência diminuiu nos últimos anos no bairro, mas, nesta semana, voltou a assustar moradores.


O bairro de Mãe Luiza ficou conhecido no passado pelos altos índices de violência e constantes mortes. O tempo passou e a situação se amenizou naquela área com a intervenção de algumas políticas públicas e ações sociais. Na última semana, no entanto, o bairro voltou a ser palco da violência.

Em cinco dias, foram três tiroteios que deixaram uma criança de apenas um ano baleada e vários moradores assustados. Nesta terça-feira (12), seis pessoas foram detidas depois que a polícia fechou uma boca de fumo. O motivo para os conflitos é o trafico de drogas e a disputa por pontos de vendas.

Para o chefe de Operações do Comando de Policiamento Metropolitano, major Alarico Azevedo, as ruas estreitas e a concentração de casas no bairro elevam a disputa por espaços e, consequentemente, os conflitos entre traficantes rivais.

“Mãe Luiza tem ruas estreitas e é uma região mais concentrada, ao contrário de outros bairros. Com isso, talvez existam lá mais pontos de vendas de drogas o que provoca atritos. Um traficante não quer que o rival invada seu espaço e, quando isso acontece, existem as trocas de tiros”, comentou.

Apesar disso, major Alarico Azevedo ressalta que os casos de homicídios em Mãe Luiza diminuíram consideravelmente nos últimos anos. O mesmo é destacado pelo jornalista Flávio Rezende que morou no bairro durante 15 anos e desenvolve um projeto social.

“Há sete oito anos quase todo dias tínhamos tiroteio, agora são situações esporáticas. Mas, se não houver um trabalho em cima desses novos criminosos que estão atuando no bairro, a situação pode voltar a ser como antes”, frisa.

Flávio Rezende lamenta episódios como os registrados nos últimos dias e afirma que isso compromete a imagem de Mãe Luiza. “É lamentável sobre todos os aspectos, porque a violência deixa todo mundo assustado, apreensivo”. 

O jornalista citou como exemplo a assinatura que fez de uma revista nacional que saía no sábado, mas só chegava em sua casa na quarta-feira. “Entrei em contato com eles e me disseram que isso estava acontecendo porque o bairro era classificado como área de risco e a entrega tinha que ser feita pelos Correios. Ou seja, a violência acarreta uma série de problemas. Até pra pegar um táxi para Mãe Luiza é complicado”.

Mesmo reconhecendo que nos últimos anos a situação no bairro melhorou bastante, Flávio ressalta que a área precisa de mais políticas públicas e policiamento. “A gente faz apelo as autoridades para que não tenha policiamento só nos bairros ao redor de Mãe Luiza, o próprio bairro precisa de proteção”. 

Atualmente, Flávio Rezende desenvolve no bairro um projeto social chamado Casa do Bem. Diariamente, quase 500 crianças são atendidas em ações como a escolinha de futebol e grupos de dança.

Operação
Na ação realizada pelas policias militar e civil, nesta terça-feira, seis pessoas foram presas, sendo um adolescente de 17 anos, conhecido por “Cafuçu”, e cinco adultos. 

Entre os adultos está Erinaldo da Silva Cruz, o Peito de Aço. Ele é pai do menino de ano que foi atingido na quinta-feira da semana passada e, segundo a polícia, seria o pivô dos últimos conflitos.

Os policiais também prenderam Isaac Eleno da Cruz. O acusado chegou a ser baleado na perna e com ele a polícia apreendeu uma pistola ponto 40, que havia sido roubada da Polícia Rodoviária Federal. Além disso, foram apreendidas 100 pedras de crack e 100 gramas de maconha e um revólver calibre 38.

Os outros presos são: Phatrison da Silva Melo, conhecido como “Paulinho”, Edil Bernardino Pereira, conhecido por “Xuxu”, e Railson Pereira de Souza, de apelido “Periquito”.

A criança de apenas 1 ano de idade - que foi vítima de balas perdidas no dia 7 de janeiro em Mãe Luiza – recebeu alta médica do Hospital Walfredo Gurgel, onde estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

fonte nominuto.com

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