Enquanto moradores denunciam a criminalidade no bairro a Polícia Militar o vê como um local seguro.
A Polícia Militar e os moradores do bairro Mãe Luíza, na zona Leste de Natal, não têm o mesmo olhar quanto a segurança no bairro. Para a polícia a natureza e quantidade das ocorrências registradas no bairro não o caracterizam como um local perigoso, ao contrário, o iguala a outros bairros da cidade considerados seguros pela população. "Mãe Luíza não é esse bairro perioso que as pessoas 'pintam', ele tem os mesmos problemas socias que qualquer outro bairro de periferia e não pode ser rotulado por uma mínima parcela de seus moradores" justificou o coronel Alarico Azevedo Júnior, subcomandante do Policiamento Metropolitano da PM.
Antagônicamente, os moradores do bairro se dizem assustados e intimidados pela violência. Uma moradora, que preferiu não se identifcar por questão de segurança relatou que "antigamente eles [criminosos] se matavam, agora eles matam qualquer um que passar pela frente", se referindo a rixa que existe no bairro entre gangues rivais. "Moro na parte de cima [região próxima a estação elevatória da CAERN] e não deixo meu filho ir para a parte de baixo [lado oposto a avenida das Fonteiras] a pé, porque temo que algum bandido faça mau pra ele, mesmo ele não sendo envolvido com drogas nem com essas gangues" desabafou.
Há aproximadamente 2 meses, depois de pressionada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (SETURN), e por representantes da comunidade, a Polícia Militar instensificou o patrulhamento ostensivo no bairro e os números de ocorrências, principalmente contra transportes coletivos, diminuiu drasticamente chegando a não serem mais registradas ocorrências desse tipo. Naquela oportunidade, os policiais da Companhia de PM do bairro tiveram suas ações de patrulhamento ostensivo reforçadas por policiais militares da ROCAM, do BPChoque, da Cavalaria, e de outros policiais que realizavam trabalhos burocráticos e foram remanejados para o bairro.
Para o diretor de Comunicação do SETURN, Augusto Maranhão, o aumento do policiamento no bairro “tranqüilizou os motoristas de ônibus e mostrou a eficiência que o patrulhamento ostensivo da polícia tem em inibir a ação da bandidagem”. Mas o reforço policial, prometido pelo comandante geral da PM, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva como uma ação permanente, segundo os moradores, não vem mais ocorrendo. "O reforço policial só foi naquela época e só serviu para os ônibus", disse uma moradora demonstrando insatisfação com falta de continuidade do trabalho.
Segundo o coronel Alarico, a afirmação da moradora é infundada. Ele contou que o reforço policial continua sendo realizado e explicou que a intensificação do policiamento em determinada área se faz baseado em estudos analíticos, em que são confrontados dados estatísticos e informações de populares. "Isso não significa que durante todo o dia equipes estarão rondando o bairro, cabe a polícia avaliar os horários e efetivos deslocados para reforçar o patrulhamento". O coronel ainda ressaltou que foi realizado no mês de julho dois eventos considerados de grande porte para o bairro - um arraiá e uma festa com a banda Grafith - e nenhuma ocorrência foi registrada durante os eventos. "A comprovação do trabalho da PM está no fato de não ter sido registrado nenhuma ocorrência nas últimas semanas” concluiu.
Porém a ausência do registro de ocorrências não reflete a pacificação do bairro, há pouco mais de uma semana moradores denunciaram a cobrança de pedágio para transitar em determinados locais da comunidade. Segundo eles, alguns traficantes teriam construído barricadas nas ruas e estariam cobrando pedágio para que os moradores pudessem transitar. Mais uma vez, o que foi visto como negativo pelos moradores foi encarado como positivo pelos policiais. Para eles isso demonstrou a eficácia do patrulhamento ostensivo, afirmando que as barricadas foram construídas para dificultar o acesso das viaturas da polícia a essas ruas. Policiais da Companhia PM de Mãe Luíza explicaram que a geografia do bairro dificulta, mas não limita a ação deles, e se queixaram da atitude de alguns populares.
"Os traficantes de quem eles se referem são moradores do bairro, e muitas das vezes quem dificulta a prisão deles são os próprios moradores, em sua maioria com grau de parentesco", disse.
Enquanto policiais e moradores não concordam quanto a segurança no bairro, um grupo de voluntários vêm dando uma grande lição no Poder Público. Eles matêm um centro desportivo e um clube de futebol amador no intuíto de oferecer um ambiente de inclusão social e de interação entre as famílias. De acordo com o testemunho de uma participante dos projetos, além de atrair o homem para o esporte, incentivando uma vida mais regrada e saudável, os projetos envolvem as esposas e os filhos dos atletas em uma convivência longe da criminalidade. "Temos casos de jogadores que praticavam crimes e depois que ingressaram no clube pararam ou pelo menos diminuíram muito com a bandidagem. Nossos atletas têm em média 35 anos, e isso não é idade de bandido, eles morrem bem mais novos ou são presos", concluiu a moradora.
Fonte. Nominuto
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