
Adriano Abreu
Esse não é o primeiro crime por causa de rivalidade de grupos
Integrante da comissão formada pelo Ministério Público Estadual (MPE) para Implementação do Estatuto do Torcedor, o promotor afirma que a rivalidade entre esses supostos torcedores “extrapola a questão esportiva”. “Crimes como esse, têm que ser esclarecidos”, cobrou. Ele baseia seu argumento de que as torcidas são quadrilhas, pois “são organizados para cometer crimes”. “Eles (integrantes de torcidas) devem ser investigados como formação de quadrilha”, declarou.
Fernando Vasconcelos comenta que “a origem pode ser a rivalidade (entre os clubes), mas a coisa está numa dimensão muito maior”. Ainda de acordo com o promotor, essas questões vão além do próprio Estatuto do Torcedor. “É preciso aplicar o Código Penal”, sugere.
Pensando nisso, o membro do MPE defende que sejam feitas investigações “com base na formação de quadrilha” e sugere um trabalho da inteligência da polícia para identificar os possíveis líderes e também os autores dos crimes. “O grande motor (para a violência) é a impunidade”, denuncia.
Questionado se acha valido as reuniões entre MPE, Polícia Militar e integrantes de torcidas organizadas para definir estratégias antes dos jogos, o promotor explicou que “para eventos esportivos é importante o diálogo”. Além disso, Fernando Vasconcelos informou que torcida organizada não é citada no Estatuto do Torcedor. Contudo, ele ressaltou que “é uma característica de associação civil e isso está no código civil”. “Mas não pode ter fins ilícitos”, acrescentou.
O comandante do Policiamento Metropolitano, coronel Francisco Canindé Araújo Silva, explicou que as reuniões que antecedem alguns jogos são realizadas com o MPE e os líderes de torcidas organizadas com objetivo de disciplinar a conduta das torcidas antes, durante e depois dos jogos para que possíveis confrontos ocorram.
Comando inicia contatos com a polícia cearense
Preocupado com o risco de uma possível vingança, o Comando do Policiamento Metropolitano iniciou ontem os contatos com a Polícia cearense e integrantes da torcida organizada “Cearamor”, cujos integrantes têm afinidade com membros da Garra Alvinegra, do ABC, e devem acompanhar o Ceará na partida diante do América, no sábado, válida pela série B.
Além disso, representantes da Polícia Militar e do Ministério Público Estadual se reúnem amanhã com líderes das torcidas organizadas de ABC e América com o objetivo de traçar o ajuste de conduta dos torcedores para o jogo de sábado.
A torcida alvinegra foi chamada por possuir ligações com a torcida do Ceará. O objetivo é saber os horários de chegada e o local de concentração dos torcedores cearenses para realizar o patrulhamento.
O comandante revelou que “existe o risco” de um possível confronto e por isso “essas medidas preventivas serão tomadas”. A intenção é que o trabalho preventivo comece desde a fronteira do Rio Grande do Norte até o estádio Machadão.
Além disso, páginas na internet de sites de relacionamento serão mapeadas e monitoradas pela polícia com objetivo de descobrir possíveis emboscadas ou que brigas sejam marcadas por essa mídia eletrônica.
Rivalidade de grupos já ocasionou outras mortes
Em junho do ano passado, a rivalidade entre supostos integrantes de torcidas organizadas de Ceará e América resultou em outra morte.
O torcedor do América Jeferson Gabriel da Silva, 17, foi morto a tiros quando dois ônibus, com cerca de 100 torcedores, voltavam na madrugada de 14 de junho para Natal e foram interceptados por um veículo Gol, na rodovia estadual CE-040, entre as cidades de Aquiraz e Pindoretama.
O grupo teria atirado nos pneus dos ônibus. Quando os torcedores desceram para para tomar conhecimento da situação, foram recebidos com disparos de arma de fogo. A vítima atingida foi encaminhada pelo Samu ao Instituto José Frota (IJF), em Fortaleza, mas não resistiu aos ferimentos e veio a falecer.
Os outros torcedores que estavam nos ônibus retornaram para Natal, escoltados por viaturas do Comando de Policiamento Rodoviário (CPRV). O comboio teria recebido proteção policial somente durante na parte inicial do percurso de volta ao Rio Grande do Norte.
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