Nem todas as DPs têm prevenção
Priscilla Castro - Repórter
A prevenção e controle da nova gripe nas prisões do Rio Grande do Norte está dividida. Nas penitenciárias e Centros de Detenção Provisória do Estado, além do material de higienização fornecidos aos agentes penitenciários, a atual determinação é de que qualquer visita só seja liberada se estiver utilizando a máscara, já disponibilizada pela Secretaria Estadual do Trabalho da Justiça e da Cidadania (Sejuc) para todas as unidades carcerárias do Estado. Nas delegacias, entretanto, o material ainda não está disponível nem para os policiais, nem para as visitas.
Júnior SantosPoliciais do GTO levam presos com sintomas da gripe até o Giselda Trigueiro para ser consultado
A exceção é a delegacia de polícia do município de Macaíba, onde devido a um caso suspeito da doença em um dos presos, o delegado Frank Albuquerque iniciou o procedimento de distribuição de máscaras entre os presos e os policiais. No entanto, quem estava dentro das celas se negava a usar o material. “Ninguém ‘tá doente aqui não. Ninguém precisa de máscara”, dizia um dos presos. Como são 53 homens divididos em quatro celas, todos estão sendo monitorados. As visitas dessa sexta-feira foram suspensas e, na manhã de ontem, um médico foi até o local para realizar os exames e distribuir medicamentos. O delegado informou que, até o momento, nenhum deles apresentou febre alta.
Gilson Leandro da Silva, detido na delegacia, apresentou febre alta no final de semana passada e foi encaminhado para o hospital de Macaíba. Diagnosticado com pneumonia e possível caso de gripe suína, ele foi encaminhado para o Hospital Giselda Trigueiro, onde está internado. A subcoordenadora de vigilância epidemiológica da Sesap, Juliana Araújo, informou que o quadro de Gilson é estável e sem agravamentos.
Na terça-feira, a amostra de sangue foi encaminhada para o Instituto Evandro Chagas (IEC), em Belém, mas a previsão da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) é de que o laudo com o resultado só deve chegar no final da próxima semana. E diante dos últimos resultados, a média de positividade dos exames do RN encaminhados para o IEC é baixa, ficando em torno de 25%.
Segundo o titular da Sejuc, Leonardo Arruda, esse é o primeiro caso suspeito entre os 300 mil presos existentes nas 27 unidades da Federação. Ele afirmou que nas 13 unidades carcerárias do RN, a entrega de máscaras, luvas cirúrgicas e álcool gel para os agentes penitenciários já está sendo realizada desde que a doença chegou ao Estado. “Recentemente saiu uma portaria do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), relativo aos presídios federais determinando que qualquer visita só poderá entrar se estiver de máscara. Então, nós estendemos essa medida também para o RN”, disse.
De acordo com Juliana Araújo, a prevenção da nova gripe nas prisões exige atuação de outras secretarias estaduais. “A parte da saúde é muito informativa e preventiva. Nosso trabalho é orientar para evitar o contágio, que se alguém apresentar os sintomas, seja isolado e use a máscara. Mas nós sabemos que as condições dos presídios muitas vezes não favorece nossas orientações, aí outras secretarias devem entrar para adotar essas medidas de prevenção e contenção da gripe. A nossa parte está sendo feita”, disse.
Saiba mais: Higienização
A disponibilização de material de higienização e Equipamentos de Proteção Individual para as delegacias é obrigação do município. Mas segundo a chefe de vigilância epidemiológica do município, Viviane Albuquerque, o fornecimento ainda não foi pensado.
“O que nós fazemos é a investigação da doença, caso alguém manifeste os sintomas, nós vamos até o local e isolamos o preso, da forma como a delegacia decidir, mas até agora não houve nenhum registro de caso suspeito”, disse.
Na 1ª DP de Parnamirim, o pedido oficial foi feito pelo delegado Graciliano Lordão à Secretaria Municipal de Saúde e à Diretoria de Polícia da Grande Natal (Dpgran) na última terça-feira. A preocupação surgiu após o primeiro caso suspeito em Macaíba. “Nós já havíamos pedido informalmente, mas depois desse caso fizemos o pedido oficial. A Dpgran informou que já estava em posse desse material, mas até agora não recebemos. Nem os policiais, nem os presos, nem as visitas têm máscaras”, disse o delegado. Para os 96 presos, 50 pessoas participam das visitas toda semana.
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